20/5/2006
Não estou falando do preparo de uma casa, de uma profissão ou de um emprego seguro. Estou falando do preparo espiritual e emocional: maturidade pessoal.
Não estou falando do preparo de uma casa, de uma profissão ou de um emprego seguro. Estou falando do preparo espiritual e emocional: maturidade pessoal.
Isaque era um dos herdeiros mais ricos de sua terra, herdeiro único de Abraão. Rebeca também vinha de família abastada. Mas, isso não foi suficiente para que tivessem um bom casamento. O começo até foi encantador e romântico: “Ele a amou!” (Gen. 24.67). Mas, por quanto tempo?
Lemos em Gênesis que no final da vida Rebeca armou uma cilada contra Isaque e Esaú, a favor do seu filho predileto, Jacó (leia cap. 27). Deu certo, o casamento?
Minha hipótese é que ambos não tiveram tempo para se preparar para o casamento.
1. NÃO PUDERAM DESLIGAR-SE DOS SEUS PAIS
Isaque era filho da velhice de Abraão (100 anos) e de Sara (90 anos / Gn.21.1-7). Ele foi muito esperado, portanto, excessivamente amado e certamente mimado. Por causa dele, o seu meio irmão Ismael e sua mãe Agar foram mandados para o deserto, sem importar-se se morreriam (21.8-21). Ele não se casou até os 40 anos, aparentemente porque era muito ligado com sua mãe Sara (24.67). Ele mesmo não foi procurar sua esposa, precisou que Abraão mandasse um empregado à parentela em Harã para buscar uma esposa (24).
Algo similar aconteceu com Rebeca. O servo se encantou com aquela jovem de 17 anos, lhe deu presentes, contou sua missão aos familiares dela e na manhã seguinte partiram de viagem para o Neguebe, onde Isaque vivia. Não houve tempo para preparar o enxoval, imaginar-se longe da mãe, despedir-se das amigas, fazer a festinha de despedida de solteira, de fazer os exames pré-nupciais. Você consegue imaginar?
Hoje alguém vem à tua casa, diz que é da vontade de Deus e amanhã você viaja 500km sobre camelos para casar-se com um homem de 40 anos que você não conhece?! Rebeca foi embora fisicamente, mas, ela não teve tempo para desligar-se de sua família.
2. NÃO SE CONHECERAM ANTES DE CASAR
Leia Gen 24.15-51. Para Isaque deve ter sido fácil amar uma jovem, linda, dinâmica, animada, resoluta, iniciadora e respeitosa. Mas, como amar a um homem que já não gosta mais de passear, de aventurar-se, de desafios e muitas outras fantasias juvenis? Deve ter sido um tédio, esse Isaque.
Enquanto Isaque esperava cuidados similares aos cuidados de sua mãe, Rebeca deve ter esperado que aquele homem – de quem recebeu quilos de ouro quando o servo Eliezer a encontrou junto ao poço – viajasse, fizesse festas e curtisse a vida com ela. Nem um, nem outro pôde cumprir as expectativas mútuas. Por que não? Não se conheceram. Não conheciam as famílias de origem. Não puderam avaliar se haveria afinidades que são importantíssimas para escolher o futuro cônjuge.
3. NÃO CUIDARAM DE SEU RELACIONAMENTO DEPOIS DE CASAR
Nos diz Gênesis que Isaque amou a Esaú, e Rebeca amou a Jacó (25.28).
- Ao invés de aprender o amor mútuo, voltaram as suas necessidades afetivas para os filhos.
- Ao invés de Isaque facilitar que sua esposa fosse para a terra dos seus familiares, para matar saudades – Rebeca o amaria por isso – ele direcionou a sua afetividade para um filho, Esaú.
- Ao invés de Rebeca cuidar de seu esposo, agradando-o para que fosse mais feliz, ela direcionou seu afeto para um filho, Jacó.
Não basta começar bem. É preciso continuar bem! É preciso construir, desenvolver, planejar, executar e aprender o amor matrimonial e o casamento.
4. NÃO INCENTIVARAM A AUTONOMIA E MATURIDADE DE SEUS FILHOS
Isaque gostava de comer carne de caça, e seu filho preferido Esaú era caçador. Assim, um se ligava no outro (25.28; 27.3). Rebeca se ligou a Jacó, pois este “coincidentemente” era homem de viver em tendas (25.27), cozer e cozinhar eram as suas preferências (27.29). Jacó comprou a primogenitura de Esaú por um prato de lentilhas, num momento de vulnerabilidade, quando este estava com muita fome.
Os pais não tinham facilitado uma interação fraternal saudável, pois, se aliançaram cada um a um filho. Diz a lenda judaica que Jacó ia à escola, enquanto Esaú vagueava pelos campos.
Não houve uma disciplina coordenada pelos pais. Como esses filhos seriam ajustados, socialmente competentes e autônomos quando adultos, se na infância não receberam a educação conjunta dos pais? Acho que para Isaque e Rebeca era útil que Esaú e Jacó não puderam amadurecer como adultos autônomos, equilibrados e saudáveis. Assim se submeteram às vontades de seus pais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espero ter deixado claro que, para casar, não basta ter uma casa, um carro e uma profissão. É preciso preparar-se emocionalmente, espiritualmente. Sem amadurecimento pessoal é muito improvável que um casamento possa favorecer o melhor de um matrimônio. Para saber como, fale com seu pastor!
Albert Friesen
E-mail: albert@ipp-tap.com.br